10 janeiro 2009

PALESTINA

De todo o tempo que não passei por cá, só me lembrei sempre de como não consigo criar rotinas, na vida e na escrita. Será assim tão mal? Acho que sim e acho que não, dependendo do que essa minha característica me traz no dia-a-dia.
Do último post pra cá, já fui caixa na FNAC, já passou Natal e Ano-Novo, e agora trabalho no escritório da Nívea no Porto, como recepcionista (!!!). Nevou no Porto, e eu vi, da janela do gabinete. Também começou a ofensiva militar irsraelita na Palestina, e é disso que eu quero falar.
Sei que na nossa vida pasamos o tempo ensimesmados, absortos com as preocupações pessoais e dos que nos rodeiam, a tentar viver e sobreviver às contas e ao que mais aparece. Mas não consigo deixar de pensar que enquanto se fala da crise financeira que na verdade já estava entre nós, e enquanto vemos golfinhos e ursinhos polares e bonecos de neve no noticiário da TV, um massacre está acontecendo, nem tão longe daqui, mas afastado do nosso olhar. Um massacre que se arrasta, com justificativas de segurança tão injustas quanto cruéis, impostas por uma situação histórica mal entendida e mal explicada em relação à posse de uma região, mas que serve lindamente aos propósitos estratégicos de guerra e dominação económica de um certo "mundo ocidental" (como se costuma chamar).
Não vou dizer mais fugindo ao risco de ser panfletária, mas posso dizer que alguma coisa tem mesmo que mudar, e nós não podemos ligar os aquecedores e as nossas televisões e ir dormir a dizer "é uma pena, mas o que se pode fazer...?". Somos todos palestinos.



Os Filhos...E os Meus Filhos

Os filhos nascem

E recebem-nos no berço

os nomes escolhidos

na árvore genealógica

dos respeitáveis antepassados

Recebem-nos os programas de poupança

a visão distante do furuto

e o aroma de canela fervida

no lume do desejo

Recebem-nos os aniversários

as festas

e os fatos novos

Os meus filhos nascem

recebem-nos as lágrimas do amor

o arrepio do medo

À porta da maternidade

esperam-nos

os olhos dos cães raivosos

esperam-nos

as matracas da polícias

esperam-nos

os programas de liquidação física

e da visão distante da morte

Os mus filhos nascem

e com eles nascem

as bombas de fósforo

com seus clarões espantosos

como os fogos de artifício

do carnaval

Os meus filhos nascem

com seus pequenos caixões

(poema de Samir Al-Qassim, poeta palestiniano)

1 comentário:

Sinay Tamina disse...

pois eu ctg não quero falar da guerra da palistina, estou ansiosa por voltar a tar ctg linda, as saudades ja são mesmo muitas. A serio!!!
Espero ver-te ai activa, e qd eu chegar, ja tenho tanta mas mesmo tanta coisa para te contar que nem me atrevo a começar por te contar as novidades por e-mail, ou mesmo por u m comentário, deixo so uma grande beijo para ti e para o jonas.
Ps: Lembro-me muitas vezes de vocÊs, por aqui há uma grande falta de talento:-)silvia